Relações Étnico-Raciais

Descolonização da Educação e Povos Indígenas


O mito do "descobrimento do Brasil" pelos portugueses e a construção harmoniosa do povo brasileiro é disseminado nas escolas brasileiras desde os anos iniciais da Educação Básica, na história do Brasil, a partir do livro didático. Inicia-se o perigo da história única. Esta concepção não surgiu do nada, ela vem sendo ratificada durante séculos, de forma naturalizada, e com forte tendência eurocêntrica. Pouco se fala sobre os povos indígenas e quando falam parecem estar congelados no tempo, são referidos apenas no passado e através da denominação genérica de índio, desvaloriza a cultura específica de cada etnia e suas contribuições para a sociedade brasileira. A memória que se tem é a de que o indígena é um ser primitivo e preguiçoso, em relação à sociedade capitalista, e norteados através da ideologia "tempo é dinheiro", são julgados por uma visão etnocêntrica e ocidental. São demonizados pela fé cristã e marginalizados pela mídia. Neste sentido, é interessante que a prática docente possa contar com materiais alternativos para insurgir modificações no que tange ao conhecimento produzido pelos povos indígenas e atual cenário de luta e situação dos povos originários.

A Lei 11.645 na prática: Sugestões de atividades para uma abordagem crítica da colonização

Livro: Massacre Indígena Guarani 
Autor: Luiz Karai

O pajé Jekupe teve um sonho e resolveu mudar a tekoa kavure -aldeia indígena- de lugar. Mas alguns não o seguiram, e foram massacrados pelos jurua -os não índios. O indígena Luiz Karai conta essa história em edição bilíngue -português e guarani-, ilustrada pelas aquarelas de Rodrigo Abrahim.



Caso Eduardo: uma questão de classe, raça e território


Aos dois dias do mês de abril do ano de dois mil e quinze ocorreu um fato que repercutiu em boa parte da sociedade brasileira: foi assassinado, por policiais militares, no morro do Alemão, o menino Eduardo Ferreira, de 10 anos, que estava em frente sua casa no momento do crime. Esta é uma realidade cotidiana de brasileiros que vivem na mira das forças militares e sofrem constantemente todo tipo de violência -física, moral, psicológica- por questões de classeraça, e território. Estas, em sua maioria, pobres, pretas e periféricas. O papel da mídia é ser porta-voz destas notícias acompanhadas de discursos sensacionalistas e excludentes que legitimam a desigualdade de poder sobre as minorias.Insistentemente, reforçam o ideário da meritocracia e culpabilizam os setores que são alvos desta hierarquia de poder, invisibilizando as lacunas deixadas pelo Estado, em relação as parcelas não hegemônicas da sociedade.O debate em torno da redução da maioridade penal transpareceu com efervescência a partir de casos como o de Eduardo, que não precisou da aprovação da PEC 171/93 para que a mesma fosse consolidada.preconceito e a discriminação de uma instituição racista fez de Eduardo um suspeito, ocasionando sua morte. Os direitos de muitos Eduardo's são negados e velados desde o nascimento. O acesso é restrito desde a infância à juventude que não chegou. A alteridade de Eduardo não fez parte do vocabulário, nem da vida, ou melhor dizendo morte, desta criança. E ainda assim, a ação dos criminosos é legitimada a cada manchete de jornal impressa com tinta vermelha do corpo estirado no chão.


Fonte: http://negrobelchior.cartacapital.com.br/2015/04/03/no-complexo-do-alemao-pascoa-tem-morte-sem-ressurreicao/


Sugestão de atividade

Livro: A infância acabou
Autor: Renato Tapajós

Um adolescente de classe média vai morar com o pai desempregado e conhece um novo universo: a periferia, a violência, o tráfico e o preconceito.

- O livro possibilita debates em torno das críticas sociais, desigualdade, preconceito e violência.

Intolerância Religiosa e Racismo no seio da sociedade brasileira


No mês de fevereiro do ano de dois mil e quinze, em uma escola da Zona Oeste, uma criança foi impedida de assistir aula por utilizar guias de candomblé. E os questionamentos surgem: Quantas crianças que carregam terços foram detidas? Quantas crianças que carregam bíblias foram questionadas? Este fato aconteceu e continua a acontecer em espaços públicos, ou não, terreiros, escolas e em vários cantos da sociedade. Isto é um ato de racismosim! A escola é pensada pra quê e pra quem? "O papel da escola pública é catequizar e converter." O currículo das escolas brasileiras tende a seguir uma perspectiva eurocêntrica e é pensado para o homem branco, hétero, classe média e cristão. Uma ferramenta de poder, que legitima as hierarquias e, de maneiraetnocêntrica, submete outras formas de ser, estar e agir na sociedade. Na escola, as diferenças são omitidas e nunca questionadas, na tentativa de hegemonizar a educação e conservar as estruturas do poder. Sendo assim, as demandas que surgem para esta instituição pseudo-democrática não são contempladas e muito menos, valorizadas. O preconceito e aintolerância estão expostos, de forma sútil, nos livros didáticos, nas atividades pedagógicas e no própria relação entre os agentes educadores, de forma que exaltam o cristianismo num espaço que deveria ser laicoe demonizam religiões de matriz africana, preconizam relações afetivas e sexuais entre casais de sexo oposto, em detrimento das possibilidades de relações entre casais do mesmo sexo, abordam a presença d@ negr@ apenas quando se fala do período escravocrata, omitindo suas contribuições para sociedade brasileira. O grande desafio, não só para a escola, mas para a sociedade brasileira é reconhecer-se um país classista, racista, intolerante e homofóbico e a partir do conflito criar possibilidades para aprender profundamente e compreender a relação com o outro.

Fonte: http://www.geledes.org.br/escola-e-o-espaco-onde-criancas-de-religioes-afro-mais-se-sentem-discriminadas-afirma-pesquisadora/#gs.788824915c604257979e8c10ae594e4f

Sugestão de atividade

Vídeo: "A Lenda da Criação do Mundo e dos Orixás"
Coordenação: Maria Alice Rezende Gonçalves 

Trata-se de uma animação com uma linguagem acessível ao público infantil. Acreditamos que o uso de materiais presentes no dia a dia da escola – brinquedos, sucatas e papeis de diferentes texturas – possam facilitar a comunicação entre alunos e professores e simplificar a transmissão de conhecimento. Nossa expectativa é que esse vídeo possa fazer parte das rodas de histórias comuns nas classes da educação infantil.
Acreditamos que o reconhecimento da produção cultural dos afro-brasileiros é um dos caminhos para a construção de um país verdadeiramente multicultural que erradique as práticas racistas que sustentam as discriminações, preconceitos e produzem desigualdades. Cabe ressaltar que o legado afro-brasileiro pertence a todos nós, brasileiros de todas as origens. Este vídeo, é inspirado em uma lenda de origem iorubá mantida viva pela tradição oral, tem como objetivo difundir os valores civilizatórios da cultura afro-brasileira, preservar sua memória e combater qualquer tipo de intolerância religiosa.

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